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Edição de 26-08-2010
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Arquivo: Edição de 18-02-2010

SECÇÃO: Entrevista

Aproxima-se o acto eleitoral na Caixa de Crédito Agrícola de S.B. de Messines

“A Caixa de Messines é um instrumento vital para estar ao serviço da sua comunidade”

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Revela Carlos Alberto Vargas Mogo, candidato aos órgãos sociais

A fusão da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra com a congénere de Silves vai fazer agitar a Assembleia Eleitoral a realizar no próximo mês de Março pois se a lista encabeçada por José Francisco Neto Farinha, o actual presidente da Direcção defende essa fusão uma outra, liderada pelo Dr. Carlos Alberto Vargas Mogo, sobrinho do fundador Francisco Vargas Mogo, pretende total independência, ou seja continuar fora de qualquer coligação

Em entrevista o ex-Director Financeiro dos bancos Fonseca e Burnay e Internacional de Crédito, revela alguns contornos dessa eventual fusão e outros aspectos que o levaram a aceitar concorrer à liderança da Caixa.

a Avezinha – Que razões levaram um homem que tem um curriculum notável na área financeira, depois de uma caminhada tão longa aceitar dirigir um elenco cujo propósito é ajudar a crescer uma instituição que o tio Francisco Vargas criou com muito amor?

Carlos Vargas – A questão que me levou a esta intervenção de novo em termos de actividades profissionais corresponde a mais uma salvação. Sempre que têm ocorrido casos importantes na Caixa de Crédito Agrícola de Messines tenho tido a honra de ser chamado. Já foi a primeira nos anos 80 quando a Caixa aderiu ao Sistema Integrado do Crédito Agrícola e nessa altura dei o meu contributo a pedido dos dirigentes de então liderada pelo meu tio Francisco. Dei o meu contributo nas acções de formação e muito mais. Além disso todos os conselhos e reflexões que eram pedidos, eu de bom grado e com muito prazer, ajudava de forma gratuita.

Estou de novo envolvido com as questões que se relacionam com as Caixas de Messines e S.Marcos da Serra porque em Maio do ano passado por um facto estranho e pela forma como ambos os dirigentes destas 2 caixas tinham negociado. O facto é que os dirigentes de Messines não apresentaram a forma de beneficiar os seus associados. Analisada a questão chegámos à conclusão de que a Caixa de Messines era mais sólida, mais produtiva e rentável e tinha mais capital social. Não obstante tudo isto, Messines acabaria por perder a sede comercial e administrativa, assim como a maioria dos órgãos sociais. Os 34 anos de lutas árduas que tiveram acabariam por não ter os seus frutos.

Apresentámos os nossos argumentos e os resultados foram estrondosos: 180 votos contra a fusão e 75 a favor. Estranhamente o presidente da mesa da Assembleia não quis interpretar este resultado tão expressivo.

Temos vindo há cerca de 9 meses a gerir uma conflitualidade exactamente porque os órgãos actuais não quiseram ter a humildade e capacidade de entender as razões deste antagonismo. Nesse sentido, já que a lista em vigor é a mesma, não há condições para continuar.

Houve a aprovação de novos estatutos a semana passada e o que acontece é que agora é imperativo que antes de 31 de Março se proceda a novas eleições. Prevê-se que seja a 14 de Março.

Na assembleia de 20 de Dezembro onde se aprovou o Plano de Actividades e o Orçamento, mais uma vez se registaram grandes conflitualidades entre o Conselho Fiscal e os demais órgãos sociais. A Caixa de Messines tem vindo a ser gerida, nestes últimos tempos, por gente sem capacidade de expressão e de antevisão. A razão que os levou na última assembleia a tecer algumas críticas foi a diminuição para cerca de metade dos resultados anteriores. Isto porque a direcção não teve capacidade para antever o abaixamento das taxas e actuar em função das margens e dos resultados.

Infelizmente toda a gente tem uma vida mais difícil mas o sector bancário continua com resultados crescentes. Há uma confirmação de que a direcção cessante é incapaz de atingir alguns resultados aceitáveis.

Porque a Caixa de Messines é um instrumento vital para estar ao serviço da sua comunidade, entendemos que nos deveríamos reunir e dar o melhor que houvesse na sociedade de Messines, independentemente das tendências políticas-partidárias ou económicas.

aA – Como surgiu este elenco com personalidades das mais variadas áreas políticas?

C.V. - A preocupação foi mesmo essa de dar oportunidade de diálogo a todas as forças.

O Dr. Ilídio Gonçalves acedeu imediatamente e foi logo um dos maiores entusiastas, liderando a Assembleia Geral.

O Conselho Fiscal terá o Francisco Martins, antigo vereador da Câmara de Silves e o Vitorino Cavaco, o sócio nº 1 encima o Conselho Consultivo com outros elementos bastante conhecidos.

Foi espontâneo porque o empenho dos messinenses é muito grande e essa é a mais valia desta Caixa.

As participações em assembleia juntam sempre para cima de 2 centenas de sócios, o que é muito raro no Crédito Agrícola.

Pena tem sido que, depois de uma liderança forte como foi a do meu tio Francisco Vargas, ter vindo esta muito fraca que põe em causa os resultados alcançados.

A Caixa de Messines sempre teve um lugar na Caixa Central e lamentavelmente pela 1ª vez deixou de pertencer aos órgãos sociais, o que significa na minha opinião uma perda de prestígio.

Há que primar pela qualidade, energia, clarividência, entusiasmo, empenho, é essa a grande aposta. A frase do slogan da nossa lista é “Garantir o futuro à Caixa de Messines com competência e seriedade”.

aA – O facto de durante muitos anos estar ligado ao mundo as finanças e do crédito permite ter uma visão mais alargada desta problemática da Caixa de Messines?

C.V. - Em virtude dos anos de experiência eu carrego com a obrigação de dar à Caixa de Messines o bom caminho permitindo que esta equipa seja mais coesa. Os membros desta lista são pessoas absolutamente solidárias e essa é a questão fundamental.

Não é o tamanho da Caixa que está em causa mas a qualidade dos funcionários que devem ser valorizados. Os associados também têm que ser considerados para que se tenha forma mais produtiva.

Aconteça o que acontecer há uma primeira vitória. As pessoas desta lista já são pessoas solidárias e amigas. Todos devemos caminhar no sentido de enaltecer os benefícios da Caixa de Crédito Agrícola para que ela seja, como disse há tempos o colega presidente da Caixa de Albufeira ao jornal Hora de Albufeira “O crédito agrícola, para além de outras virtudes tem uma que é de reverter para a comunidade onde se insere os resultados daí obtidos”. É necessário que a instituição sirva e depois ganhe para puder reciclar esses mesmos resultados. Eu tenho essa obrigação, mais do que outros em função da minha experiência.

Acho que, apesar da pequena dimensão da Caixa, comparada com o que já me foi dado decidir no passado, não é o tamanho que está em causa mas a qualidade da instituição, a qualidade dos dirigentes e dos funcionários que entendam que esta lista vai ter uma preocupação redobrada com a sua valorização. E acima de tudo os associados tenham a absoluta abertura para puderem escolher, com todo o sigilo e confidencialidade.

aA – Essa expressão, da forma mais segura e mais produtiva, faz-me lembrar a crise em que o sector financeiro não pode ficar imune e que exige uma atenção mais redobrada. É fundamental ter uma percepção das ramificações de um cancro que atinge toda a sociedade?

C.V. - É fundamental a todos os níveis. Uma delas é a nível organizacional, isto é a Caixa, como entidade autónoma deve reforçar as necessidades de contribuição e de supervisão. Outra é que a dimensão não resolve mas pelo facto da Caixa estar inserida no sistema Integrado do Crédito Agrícola deve ser proactiva com a Caixa Central. Tal não deve ser entendido como um papão. Terá de ter o seu papel que nós entendemos qual é – supervisão, coordenação e entreajuda e esta Caixa de Messines tem de desenvolver uma relação de absoluta transparência e fluidez de informação, nos dois sentidos.

aA – É vulgar ouvir-se dizer que a Caixa Central é algo castradora em relação a algumas iniciativas que se desejam concretizar.

C.V. - Se nós não soubermos defender os nossos interesses, qualquer outra entidade com quem negociamos será sempre castradora. Depende da nossa capacidade em defender os nossos interesses e esta é a força da nossa lista. Julgo que a lista em que me integro tem a capacidade, a respeitabilidade e a seriedade que fará com que a Caixa Central a receba como uma entidade de absoluta credibilidade. De resto e antes de apresentar a candidatura tive o cuidado de informar os altos dirigentes da Caixa Central desta minha intenção e a única coisa que posso dizer e outra não seria de esperar, fui encorajado a fazê-lo pois se vencer a Caixa vencerá e o mundo do Crédito Agrícola ganhará. A equipa é competente, coesa e empenhada,

aA – Em termos de estrutura, considerando o saneamento das contas e a decisão de não aceitarem a integração na Caixa de Silves, o que é que pretendem fazer. Quais são as bases fundamentais da vossa candidatura: Chegar mais aos associados e clientes?

C.V. - Primeiro entender a situação do tecido empresarial que tem relações com a Caixa, seja no acto passivo, como no activo e ter a capacidade de desenvolver com o mundo empresarial emergente soluções que permitam que iniciativas empresariais oriundas de gente que reside em Messines possam ter sede nesta terra. Estou convicto que esse trabalho é outro grande desafio em que a Caixa, além de ter alguns meios financeiros deve desenvolver as pontes entre quem seja identificado como potencial empresário e de iniciativa e aqueles poderão ainda ajudar no sentido de viabilizar. Uma Caixa em Messines que já teve um período áureo e que agora atravessa uma certa recessão económica e social, sendo mais um dormitório, do que um centro de energia económica, coisa que no passado existiu, poderá ter a veleidade de algum protagonismo porque a massa humana ainda lá está. O que provavelmente não foi possível foi identificar os potenciais e conjugar os recursos e as iniciativas, fazendo as pontes com outros que viabilizam as gentes que estão em Messines podendo ser prestadores de serviços a outras comunidades.

aA – Um dos problemas das instituições bancárias é o crédito malparado. Neste momento é uma preocupação dos elementos desta lista?

C.V. - Existe algum, pelo que me é dado conhecer mas está muito abaixo da média do Crédito Agrícola. Não é problema neste momento e espero que não seja no futuro.

aA – São Marcos da Serra está a cumprir o que foi estabelecido e tem capacidade para evoluir?

C.V. - S.Marcos da Serra é um balcão que tem a sua força na colecta de aforros porque as iniciativas empresariais são mínimas. Tem uma população envelhecida e a dinâmica económica está no sector primário, com a agricultura na primeira linha.

aA – O facto de terem aberto vários balcões de entidades bancárias em S.Bartolomeu de Messines é motivo de preocupação para a Caixa de Crédito?

C.V. - Significa que Messines tem algum potencial económico. Lamentavelmente a Caixa, nos últimos anos, não tem conseguido aproveitar e crescer, limitando-se a manter os activos e os passivos na indexação da taxa de inflação, o que é manifestamente insuficiente. A concorrência existe, o que os concorrentes não têm é a força do Crédito Agrícola pela interacção que existe com os seus associados.

aA – A maneira como o Dr.Carlos Vargas define essas situações denota a convicção de que a partir de Março o elenco que lidera será eleito e vai dirigir os detentores da Caixa no próximo triénio?

C.V. - Eu espero que a Caixa ganhe. Quero dizer com isto que a lista que lidero seja ganhadora. Caso contrário ficarei preocupado.

a A – Francisco Vargas Mogo foi o grande mentor desta Caixa e durante muitos anos a dirigiu. O edifício-sede marca esse período de evidência. Anos volvidos um sobrinho surge com o objectivo de reavivar essa brilhante acção. Fê-lo em memória do seu tio?

C.V. - Muito me alegraria que no futuro houvesse alguma analogia de comportamento. O Senhor meu tio foi das pessoas com mais dignidade e mais empenho nas causas que abraçou, nunca descurando os seus interesses pessoas mas nunca se aproveitando das situações, fazendo bem a todos. Com uma grande capacidade de liderança e muita determinação cumpriu um ciclo que se pretende retomado.

PERFIL

Carlos Alberto Samora Bitoque Vargas Mogo nasceu em Albufeira em 1 de Setembro de 1949.

Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia, tem uma pós-graduação em Formação Diplomática no ISCP.

Ainda estudante em Lisboa começou a trabalhar no sector de contabilidade da Companhia de Seguros Mutualidade, em 1970 e dois anos volvidos foi nomeado responsável pelo sector de formação da rede de agentes do grupo segurador MSA.

Depois do serviço militar obrigatório exerceu o cargo de Inspector das Actividades Económicas de Macau e ainda nesse território de Perito Económico da Inspecção do Comércio Bancário e vogal responsável pela Gestão do Fundo Cambial de Macau, membro da equipa do Governo de Macau nas negociações com o Banco Nacional Ultramarino, com vista à criação da Autoridade Monetária e Cambial. Antes de regressar ao continente para membro da Direcção de Relações Internacionais do Banco Fonseca e Burnay, foi administrador do Instituto Emissor de Macau.

Em 1983 e 84 exerceu os cargos de director adjunto do Banco Fonsecas e Burnay, administrador do Banco Standard Totta de Moçambique e Director do Banco Fonsecas e Burnay.

Até 2005 exerceu os mais elevados cargos na área financeira como Director Geral do Banco Internacional de Crédito, Director do Projecto Leader do Grupo Espírito Santo, administrador do Banco Espírito Santo do Oriente, Assessor Principal do Ministro da Economia e Finanças de Angola.

Actualmente exerce os cargos de Secretário da Assembleia Geral do Marina Yacht Clube e membro do Conselho Fiscal da Associação Agostinho da Silva.

Órgãos sociais

ASSEMBLEIA GERAL

Ilídio Cabrita Gonçalves

José Victor das Neves Lourenço

Francisco José Gonçalves Calado

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Carlos Alberto Samora Bitoque Vargas Mogo

José Carlos Xavier dos Santos

José Manuel da Silva Alves

Suplente: Rui Manuel da Graça Silva

CONSELHO FISCAL

Francisco Manuel Guerreiro Martins

Rui Monteiro da Silva

José António Cabrita Neves

Suplente: Eurídice Eugénia Mendes Vieira

CONSELHO CONSULTIVO

Vitorino Vieira Cavaco

José Inácio Marques Martins

Mário Augusto Franco

Suplente: António José das Neves Cabrita

Por: Arménio Aleluia Martins

Tempo de leitura: 13 m
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Comentários dos nossos leitores
Pedro
Gostei: Muito Concordo: Plenamente
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Noto que o homem sabe do que fala
 
João
Gostei: Muito Concordo: Plenamente
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Uma entrevista com nível. Parabéns e votos de sucesso!
 

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